domingo, 31 de maio de 2020

A INFORMAÇÃO SOBRE O TERROIR NOS RÓTULOS

A INFORMAÇÃO SOBRE O TERROIR NOS RÓTULOS
FlávioMPinto

Antes de alguma coisa, vamos relembrar o que é terroir: uma reduzida parcela do terreno com um conjunto de fatores,  clima e geologia ímpares, únicos, que influenciam o parreiral, gerando uma tipicidade ao produto.

”Vinho que se preze tem algo de magia. Um quê diferente na boca que o faz único. Sua alma, sua identificação individual a começar pelo rótulo, sua vestimenta.
Uma aura de estilo que o define como tal, já na apresentação, pois não tem um vinho igual a outro. É a primeira impressão que se tem.
Uma personalidade que vai se definindo desde a visão de seu corpo até a prova definitiva na boca”.
Isso escrevi em 2010 sobre um vinho.

Qual é o receio das vinícolas brasileiras em colocar a localização de seus terroir nos rótulos?
Outro dia, li numa publicação que se referia a região da Campanha, Denominação de Origem-DO, recém dada pelo INPI, de Uruguaiana a Bajé perfazendo ”45 quilômetros quadrados”. Ora, só de Uruguaiana a Livramento, metade da região, são duzentos quilômetros!!! Quanta ignorância da repórter! 
Uma denominação de Origem se pressupõe uniformidade de condições na mesma região. O terroir do Romanée Conti, um dos vinhos mais caros do planeta, é nada menos do que 2,6 ha!! Por conseguinte não poderemos ter numa região de 600 km de comprimento por 200 de largura as mesmas condições climáticas e geológicas.
Numa propaganda de uma vinícola, é abordado que o vinho é da região da Campanha gaúcha fronteira com o Uruguai.  Quantos km temos de fronteira com esse país? 
O clima é o mesmo no Seival e em Itaqui? certamente que não!
A Lei 9279/96, no artigo 178 trata de Denominação de Origem: “Considera-se Denominação de Origem o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos”.
Daí resulta na tipicidade do produto localizado numa Denominação de Origem. Porque não colocar Vinho gaúcho, como nos Gran Vin du Bordeaux e essa seria a DO mãe. 
Grande Vinho da Campanha seria uma designação-mãe  sensacional para aqueles vinhos e espumantes de toda região da campanha. Depois viriam as específicas. Seival, Palomas, Herval, Serra do Sudeste, Campos de Cima da Serra, Campos de Cima, e outros.
Mas isso não ocorre porque as vinícolas não fazem distinção do terroir das suas vinhas! Sonegam essa informação de seus clientes apreciadores. Existe uma vinícola que produz seus vinhos em Quaraí, mas diz que é região da Campanha. Custa informar o local do terroir de seus vinhos, que são excelentes?
O vinho nasce, cresce, é vinificado em torno do local onde são cultivadas as uvas que o compõem. Esses locais dão nome ao vinho. 
Já ouviram falar em Barolo, Barbaresco, Montalcino, só para citar alguns vinhos tradicionais, famosos e competentes  da Italia? quem não lembra do francês Châteauneuf-du-Pape? 
Vinho é terroir!
É também requinte, aristocracia, história, carregada pelo nome do terroir. 
É uma marca que especifica o DNA do vinho.
O vinho se chama pelo nome do terroir. Um Graves, um Sauternes, um Pomerol, um Bordeaux.
O Brasil ainda está muito longe de especificar o terroir e dele identificar o vinho.
O Rio Grande do Sul já teve uma região que poderia ser a primeira DO de fato: Palomas, um distrito de Santana do Livramento, berço das uvas finas no Brasil. Essa talvez seja a região identificada como “região da Campanha “ pela repórter que fez a matéria acima citada. Ali sim, são aproximadamente 45 Km quadrados com vinhedos da Almadén e Cordilheira de Santana, que por desconhecimento a repórter chamou pelo nome citado.

sexta-feira, 29 de maio de 2020

MARCUS JAMES RESERVADO CABERNET SAUVIGNON 2018

FlávioMPinto

Um vinho não se pode provar antes de comprar e abrir a garrafa. Olha-se o rótulo, vai um conhecimento da vinícola e entra-se no rótulo para obter informações. E até intuição. Assim ajo ao comprar vinhos que não conheço.
Assim foi com o MARCUS JAMES RESERVADO CABERNET SAUVIGNON 2018 da Serra gaúcha. 
A marca é conhecida de uma competente vinícola, a Aurora.
De cara apresenta-s como um vinho simples,  buquê pouco pronunciado, aromas suaves,  e de tímidas lágrimas.
Seus 12% de álcool já indicam seu público e pouca capacidade de guarda.
Na boca, sabores de ameixas frescas, só. 
Um bom vinho, sem muitos atributos, para o diário de quem não exige muito de um vinho.
Deixa um final muito curto.
Esta é a minha opinião.

CHATEAU DE REIGNAC BORDEAUX SUPERIEUR 2016

FlávioMPinto

Um Bordeaux para ninguém botar defeito. Un grand vin du Reignac.
Púrpura forte, aromas de groselhas indicando o blend bordalês como só o pessoal de Bordeaux sabe fazer.
Aromático e de cor púrpura , o Chateau de Reignac 2016 já chega reinando. 
Na boca, uma maciez de dar inveja, ao mesmo tempo em que uma elegância se manifesta com seus 14% de álcool, uma acidez muito boa e uma complexidade de sabores ímpar, indo de groselhas a mirtilos e ameixas amarelas, tudo harmonicamente colocado. 

Medianamente encorpado, trás uma aura de aristocracia, uma finesse a cada gole, originada de uma das regiões mais nobres da produção de vinhos finos no planeta.
É um legitimo filho da mais antiga e aristocrática região francesa.
Deixa um final profundo e duradouro.
Esta é a minha opinião.

domingo, 24 de maio de 2020

GUATAMBU DA ESTÂNCIA Chardonnay Gewurztraminer Sauvignon Blanc 2019

GUATAMBU DA ESTÂNCIA Chardonnay Gewurztraminer Sauvignon Blanc 2019
FlávioMPinto

A jovem vinícola de Dom Pedrito-RS, na região da Campanha gaúcha, hoje um complexo de enoturismo, vem se destacando por excelentes produtos.
A Guatambu ousou nesse blend distanciando-se das mesmices brasileiras. 
De cor clara, amarelo palha, muito aromático com limões se salientando. O  blend é composto de Chardonnay, Sauvignon Blanc e Gewurztraminer colhidas manualmente.
Os seus 12% de álcool  integram um corpo muito elegante com uma acidez agradável e uma doçura leve. 
Na boca, sente-se a complexidade dos sabores de maças, lixias, pêras, canela, amêndoas. 
Um vinho branco bem cítrico, mas suave, e surpreendente na apresentação das camadas de sabores.
Um excelente vinho da região da Campanha gaúcha.
Esta é a minha opinião.

terça-feira, 19 de maio de 2020

ESPUMANTE SALTON BRUT ROSÉ

ESPUMANTE SALTON BRUT ROSÉ
FlávioMPinto

Mais um espumante brasileiro de sucesso.
Com uma perlage muito interessante, fina e fugaz.
De cor salmão com reflexos rosas,  o  Salton Brut Rosé é um espumante da Salton, vinícola de Garibaldi, a capital dos espumantes brasileiros, com grande penetração no universo de vinhos brasileiros.
Produzido com a uva Moscato, um verdadeiro achado na indústria de espumantes e agora largamente usada.
Aromas  e sabores  de cítricos lembrando flores, canela, limões. 
Com 11,5% de teor alcoólico, de uma suavidade ímpar.
O estilo Brut não deixa o Salton Brut Rosé ficar adocicado e enjoativo, mantendo seu frescor até o final.
Um espumante muito delicado e saboroso.
Esta é a minha opinião.

domingo, 17 de maio de 2020

BOURGOGNE ALIGOTÉ 2018

FlávioMPinto

Um magnífico vinho branco da Borgonha. 
Da Apellation D’Origem Controlée Bourgogne Aligoté, uva autóctone da região de Auxerrois, Borgonha.
Cor amarelo palha exalando aromas frescos de cítricos e flores silvestres.
Na boca, 12% de teor alcoólico integram o corpo com ótima acidez, e um leve adocicado emoldurando a complexidade de sabores cítricos que vão de laranjas a abacaxi e lixias.
Muitos bem estruturado e harmônico, conseguindo-se separar muito bem as camadas de aromas e sabores.
Deixa um ótimo final confirmando os aromas e sabores.
Esta é a minha opinião.

sábado, 16 de maio de 2020

CASILLERO DEL DIABLO RED BLEND RESERVA 2017

FlávioMPinto

Um vinho chileno jovem de aromas muito intensos, cor púrpura também intensa.
Aromas de frutas negras aromáticas compotadas, amoras e cerejas e lágrimas persistentes.
Uma cria dos pupilos de Don Melchor de Concha chegando.
Na boca é forte, intenso, com amoras, morangos, ameixas e cerejas maduras com  um toque de chocolate amargo garantindo sua complexidade.
O Red Blend apresenta suas armas impactando.
Encorpadíssimo, porém também elegante com todos os  componentes do corpo muito bem representados, sugerindo uma excelente estrutura. Destaque para a untuosidade.
Harmônico e o teor de álcool-13,5%, não se sobrepõe nem aos sabores, taninos  e acidez.
No final de boca, tabaco e os taninos suaves aparecem e indicam sua passagem por madeira. 
Um vinho forte para o dia-a-dia.
Deixa um final frutado forte e duradouro
Esta é a minha opinião. 

segunda-feira, 11 de maio de 2020

DAL PIZZOL 6 GERAÇÕES CABERNET FRANC 2016

DAL PIZZOL 6 GERAÇÕES CABERNET FRANC 2016
FlávioMPinto
A uva Cabernet Franc foi uma das primeiras a serem plantadas na Serra gaúcha, mas seu sucesso foi suplantado pelo cultivo da Merlot e da Cabernet Sauvignon passando a um segundo plano.
A Vinícola Dal Pizzol , centenária vinícola gaúcha, tenta retomar a trajetória dessa uva no solo gaúcho e já chegou bem.
O DAL PIZZOL 6 GERAÇÕES CABERNET FRANC 2016 é um vinho jovem de cor púrpura  bem definida e brilhante.
Exala aromas de framboesas e frutas vermelhas. 
Na boca, se mostra um vinho medianamente encorpado, com taninos bem vivos.
Seu teor de 14% de álcool se faz presente no corpo elegante e complexo.
Frutado e fresco com frutas negras silvestres, como amoras,  se apresentando e cassis para quem conhece. 
Deixa um final persistente. 
Esta é a minha opinião.

sexta-feira, 8 de maio de 2020

MÉNAGE Á TROIS MIDNIGHT 2017

MÉNAGE Á TROIS MIDNIGHT 2017
FlávioMPinto

Saindo do aeroporto de Brasilia, numa loja, este vinho me chamou a atenção. Um blend californiano, da Vinícola Trinchero, a preço atrativo.
A California surgiu esplendorosa no universo dos vinhos depois do Julgamento de Paris em 1976.
Um blend de 4 castas-Merlot, Cabernet Sauvignon, Petit Syrah e Petit Verdot. Com predominância da duas primeiras. 
Cor intensa púrpura, bem brilhante, aromas de framboesas, muito boa entrada.
Na boca, seus 13,5% de álcool compõem um corpo muito distinto com nenhum aspecto se sobrepujando aos demais.
Destaque para os sabores de chocolate , frutas negras( blueberry e amoras) e  morangos maduros, além de fumo informando sua passagem por madeira. 
Um vinho muito fino e qualificado. 
Encorpado, e muito elegante. 
É indicado para um dia-a-dia sofisticado ou para quando se quer sair da rotina de forma mais aristocrática.
Deixa um final longo.
























Esta é a minha opinião.
O nome mais correto seria Ménage á quatre!

sábado, 2 de maio de 2020

BARON PHILIPPE DE ROTHSCHILD MAPU MERLOT RESERVE 2011

BARON PHILIPPE DE ROTHSCHILD MAPU MERLOT RESERVE 2011
FlávioMPinto

Um produto do braço chileno da Baron Philippe de Rothschild . É do Vale Central-Maipo, uma das mais proeminentes regiões produtoras de vinho do Chile. 
 A linha MAPU é fruto da instalação francesa nos terroirs chilenos, mas os dois dos maiores conglomerados de vinhos do mundo se juntaram em muitos outros empreendimentos na America. Almaviva é um dos frutos.

Aromas de framboesas  já se manifestam ao destampar a garrafa.
Aromático, escuro, cor intensa,  se pronunciando.
Na boca, todos os aromas se confirmam juntando-se aos 13% de álcool, que não passam ao corpo, com frutas vermelhas silvestres em calda, tabaco, restos de chocolate, formando um corpo muito elegante. A complexidade agrada quem entende do riscado.
Já com quase 10 anos na garrafa, a passagem por madeira não se desfez, sendo necessária uma passagem no decantador para rejuvenescer a personalidade do Merlot já desgastada.
Um Merlot bem ao estilo da Casa Rothschild. Austero, firme, aristocrático.
Deixa um final enfumaçado e longo. 
Esta é a minha opinião.