CHÂTEAU MARGAUX 2007
FlavioMPinto
Em primeiro lugar quem sou eu para avaliar um dos maiores ícones da cultura do vinho! Acho que até o Robert Parker , que lhe dá entre 92 e 94 pontos na avaliação, ficará brabo comigo por esta tratativa. É muita pretensão.
Margaux é uma das quatro regiões do Médoc. O Château é o local mais visitado do Médoc. Integra a mais proeminente região vinífera da França. Rivaliza com Pauillac na qualidade dos vinhos. Produz, basicamente, vinhos com 85% de Cabernet Sauvignon e 15% de Merlot, mas podendo abrir seu mix para a Cabernet Franc, Petit Verdot e até Malbec..
Este é um clássico e legítimo assemblage de Bordeaux: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Petit Verdot e Merlot. Representante máximo de uma das mais importantes regiões do Médoc.
Um vinho caro. Não cabe em qualquer bolso.
Apesar de ter apenas 5 anos de guarda, distante ainda do prazo máximo de confinamento fui á luta e dentro desse espírito encarei o Margaux 2007. É vinho prá mais de metro. E não é qualquer hora que se degusta um Premier Gran Cru Classe. Mas não tem problema, pois já comprei outro, bem mais em conta, só que um Réserve de l’Estey de Calvet, um vinicultor muito conceituado no Médoc. Não é o original, mas é um Margaux e estamos conversados. Mais tarde colocarei minha observação sobre ele.
Cada vinho clássico do Médoc é uma aula para quem quer se habilitar a conhecer vinhos de elite.
A começar pelo rótulo simples, mas com aparência de nobre, que já nos coloca em posição de reverência.
Abri e já saltam aromas herbáceos e frutados lembrando framboesas maduras. Algo de cassis. Aromas agradáveis mostrando que o vinho está bem vivo. Couro e tostados se pronunciando.
A cor não é muito forte, mas é firme. Uniforme. Um violeta meio opaco, nada brilhante para um vinho com pouco mais de 5 anos de guarda. Mas a impressão é boa.
Na boca o Margaux se desfaz em sabores de cassis e framboesas bem caracterizados, cerejas, amoras bem amadurecidas, um pouco de baunilhas, um festival de frutas vermelhas maduras. O corpo bem pronunciado esbanja potência e revela o índice alcoolico. Com taninos amaciados desce bem, apesar de sua complexidade que inspira meditação sobre o que se está bebendo. Ah, isso é desde a compra.
Numa segunda camada encontramos menta , especiarias e até chocolate numa maciez que encanta. Afinal estamos diante de um Margaux! Volumoso e harmônico , enche a boca de sabores sem qualquer indício de amargor.
A cada gole uma lição magistral sobre vinhos é assimilada. Os sinais de alcaçuz são marcantes dando um toque de maior refinamento.
Uma enciclopédia líquida estava ao nosso alcance de degustação. Elegante, aristocrático, equilibrado, macio, decididamente agradável é o Margaux tinto 2007.
Enfim, um retrogosto incrívelmente duradouro e saboroso nos esperava. Um vinho que nos deixa a sensação de se averiguar, sempre, o que se tem a beber.
Um vinho de intensa responsabilidade de quem vai degustá-lo.
Não é prá qualquer pessoa bebê-lo.
Tem-se de entendê-lo para melhor aproveitar suas qualidades. Esta é a minha opinião.